Espero que gostem... não poupem o vocábulo critico!
Castidade Nocturna, Bruma e Algo Mais.A noite sem lua,
Aquela que não imite reflexos,
onde os demónios não têm rosto.
Nessa noite, onde a lua não é de oiro,
nem se veste de prata das boas novas.
Demónios...
Eles ganham um lugar, nas caves,
Nos assombro humanos,
onde a repulsa habita,
onde o segredo é miraculosamente embrulhado,
em panos de cetim e pactos luciferanos.
Como todo o veneno que esvaia,
Escapa pela porta descuidadamente entreaberta.
Um sopro de vento,
que escapou pelas fendas,Pelo desgaste secular.
O silêncio é amigo de quem procura a felicidade,
Quem espera a sorte enquanto fuma canabis,
nos cantos da cidade.
Sortudo de quem encontra, essa pérola
Esse podre que alguém deixou cair.
E sorri ao ver a nudez que encontrou,
A parte mais intima do outro, a quem a roubou.
Agora poderá comprar o mundo.
Porque a prostitua lhe abriu as pernas gratuitamente.
E a cidade que se constrói, sobre carne e osso,
fecundadas na praça, onde galgam pés,
Onde nasce a vergonha de alguém
Frederico Vanesgard ______________
NuNo inicio das noites sem cintila,
envolto num silêncio espesso.
Procuro morbidamente imagens,
na janela fechada do meu quarto
E o desespero cresce, e cresce.
E é então que surge uma linha de água,
quando a sinto esvair-se no peito, calo-me,
na esperança de me afogar novamente.
Vou enchendo os cântaros de água,
até que as cheias reguem o meu jardim interno
Na manhã seguinte, subo ao palanque,
com olhos postos em mim, olhos meios soltos.
Mesmo assim eu tento mudar um terço do mundo,
com um suspiro interior.
E as minhas palavras quentes batem em corpos frios,
aplausos cheios e outros vazios.
E no fim, ainda há quem sorria,
com a dor que não compreendeu,
Outros conheceram melhor, a pessoa que diante deles se abriu
E a ferida abre, e abre,
num suspiro profundo.
Com um papel na mão,
fiquei nu perante o mundo
Frederico Vanesgard __________________
O Abraço Amargura de uma alma arrastada,
pelas ruas da cidade, crucificada.
Doce expressão de quem assiste,
Aprazido pelo tilintar de lágrimas.
Outros olham pelo canto do olho,
no seu rosto a indiferença,
pomposa teoria egocêntrica.
Sinto o veneno que se infiltra na pele,
corroí o osso, rasga a carne,
pondera o lugar, o abrigo para o seu fel.
Um olhar eclipsado, vivência apocalíptica,
Agulhas impiedosas, cravejadas na essência.
Eis um grito demoníaco,
latido de um cão enfermo.
Não sou um demónio, ou o homem renegado.
Sou doente de alma, poeta de frágil ego .
A cura é um sorriso pleno;
um abraço,
que me quebre os ossos, que me deixe sufocado.
Sou aquele que quer ser superior a si mesmo, o mesmo que é inferior a outrem!
Frederico Vanesgard __________________________
Rosa Crucificada O sacerdote que fornica a rosa não foi tentado,
Essa foi a sua intenção.
Ele, pervertido mor,Come a carne com gula,
Demanda o que lhe é negado.
Trapaças e teias de fantasia,
a catarse prometida, mentira rosada
Quando o sino toca, e o silêncio volta,
Caminhas com cautela, pões a batina no armário,
sedento de boémia, entras no quarto dela,
Começa o bordel no santuário
O véu cai, tocado pelos teus dedos
Mordes-lhe os seios,
sem receios, sem medos.
Ajoelhas-te, sereno, devoto à reza habitual,
olhas a rosa enfeitiçada,
e a tua língua desliza, ao encontro do prazer carnal
A contorção do seu corpo, a tua volúpia.
Procuras desafogo, desejo desmedido
Sacrifício de uma rosa sem espinhos,
Obediência cega, um orgasmo concebido.
Carne contra carne, veneno que escorre,
Suor febril, delírio algo vazio.
Um arrepio arrojado,
depois do acto consumado.
Repara... só tu é que acabaste molhado!
Philip Vanesgard ____________________________
Saudade Petrificada, A Lamuria que Cessou
Havia um homem sentado à beira mar.
Entre as mãos, enluvadas de peripécias,
despia a flor da nostalgia, como quem despe um fardo.
Guardava saudade do velho tempo,
Temia não ter tempo para a sua história cantarolar.
Praguejou ao vento, cuspiu na terra.
Interrogou o céu, à cerca do fado,
Que lhe ardia, lá no peito, calejado.
A resposta foi muda, como havia de o ser.
O céu não atura lunáticos, consumidos pelo desejo de morrer.
O branco pintou de saudade o seu cabelo.
Um século, foi quanto tempo o tempo fez,
a velhice assomou-se ao seu corpo,
as rugas ganharam o seu tez.
De vista turva, quase cego,
fitou-se na água, sentiu a picada, a morte do seu ego
Foi então que tentou erguer-se, como se ergue o corajoso.
Apossou-se da força, ganhou esperança e utopia,
acreditou no renascer da alegria
As suas pernas fraquejaram, esse foi o erro consumado.
Morreu, fez-se pedra, o tempo vitimou um pobre coitado
Frederico Vanesgard____________________
Teoria da Ignorância Eterna
Vida - Um domínio não matemático,
Um código minuciosamente encriptado;
um constante enigmático,
dilema que enlouquece o sábio
Chave de muitas portas, fechadura rara.
Definição indefinida, no dicionário inexistente.
Tempo limitado para resolver a questão épica
Neste jogo de valores, escolhe primeiro a tua ética
Um poema inacabado, de essência incompleta.
Tinta esgotada, palavras escassas.
Certezas certas não as há.
A única verdade é,
a aurora da alma, e o ocaso dela mesma.
Frederico Vanesgard
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Espelho
Essa mão com que me abraças,
Colheu rosas em jardins de dor
Teu coração, ferido, simulou a cicatriz;
Para ver crescer um alegre petiz.
Escondes a negra quimera do passado,
lá nas entranhas de um silencio abafado.
Sorriso em parte vazio, dor fantasma.
Abraça-me, com essa mão que vale por duas.
Saru
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Não vás.
Nunca sei como vens vestida,
De que cor se pinta hoje o teu saber?
Pedes-me que te molde a jeito de poeta,
Nunca sei o que dizer!
Em que nuvem te escondes?
Será nessa por detrás de olhos e montes?
Olhas-me com complexidade,
Com a frialdade de quem sabe ver medo.
Medo de manchar teu nome, com tinta indigna.
Peço-to que não te vás, como quem só volta amanhã.
Diz-me ao ouvido, as palavras com que estás vestida,
Deslinda-me os olhos e faz desvanecer os montes,
Assim deixarei que a tua rutilância me cegue,
que a tua mão me amime os pensamentos.
Saru
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VICIO
Tua pele gelada
Sinto-a quente.
Tua alma errada,
já não é diferente.
Somos iguais,
Mas nada parecidos
somos as rosas
nos túmulos esquecidos
(Parte do Vorhzz)
O desejo de possuir teus lábios.
Ó, esse é-me vitalício;
O vicio de tocar teu corpo,
Esse não se prende à minha vontade
Não quero na tua alma encontrar,
Uma ilusória paixão;
Não procuro nos teus lábios, um precipício;
Nem na tua gelada pele, o fim do meu amor mortal.
(Parte do Saru)
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Chuva de razões
Ó Homem que a insanidade te fez forte, que desejas o céu e desvendas o mar.
Que de sonhos és feito, e esperas a perfeição alcançar.
Ó Homem que te dizes cheio de sabedoria e entendimento.
Que usas a ilusão para te atenuar a dor e sofrimento.
Ó Homem que, és dono do impossível e navegas um mar de sorte.
Mas espero que nessa euforia te lembres que a insanidade não é nada depois na morte.
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Olhar o mundo em demasia.
Olhar o mundo em demasia... queima por dentro e nota-se por fora!
É impossível que uma pessoa com dois olhos bem abertos e dois pares de cabelos grisalhos trazidos por vastas páginas de experiências verídicas (umas boas e outras más) se consiga afastar desta realidade tão realista... E mesmo que tente fazê-lo, a vida passa-lhe por cima como um TGV criado para castigar as pessoas e as trazer de volta à terra banal e sem paladar a novas experiencias. Parece ter gosto em apagar o, já pouco luzente, sorriso do rosto do povo! Não a entendo... deve viver em fortuna com certeza! Já viram? Tem sempre de nos mostrar a sua nojenta e desagradável raiva... como se fosse uma vingança guardada durante anos numa arrumada, mas nunca esquecida, caixa na cave de uma casa degradada, escura e ocasionalmente visitada pelas aranhas que acharam o sítio apropriado para construir a sua casa (acho que essas devem levar mais sorte do que nós). E quando menos esperas... KABUM! A vida mostra-nos quem manda. Não feches os olhos para ela... mas também não lhe dês toda a atenção que ela te pede!
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Vou…
Vou cuspir do meu pranto incessante até que a agitação dos mares internos acalme... Até que a ferida tenha a decência de regredir e o brilho me volte a dar o prazer da cegueira dos sonhos novamente. Vou atear fogo às minhas lágrimas e pisa-las com uma bota de cabedal, para que não me voltem a nascer e marcar a sua presença longa e nojenta no canto dos meus olhos outrora revestidos de paz.
[b]